domingo, março 12, 2006

4.1. EXEMPLOS ILUSTRATIVOS


Para darmos uma imagem mais clara e concreta da forma funciona a abordagem proposta neste projecto, apresentamos aqui exemplos ilustrativos das estratégias e actividades que já foram postas em acção em sala de aula.

A pintura e as restantes artes visuais podem ser exploradas na sala de aula em várias situações e de diferentes modos. Recorreram os professores envolvidos no projecto a reproduções de obras de arte na introdução de temas de unidades didácticas (fase de motivação). As imagens foram descritas, interpretadas e serviram para introduzir vocabulário nuclear dessa unidade – por exemplo, a peça TV Buddha de Nam June Paik apresentou o tema “Os media e o seu efeito”; A Perfuradora (The Rock Drill), de Jacob Epstein, funcionou como ponto de partida para uma unidade didáctica sobre a mecanização do indivíduo. Mas estas e outras peças serviram também de base a outras actividades como o debate, a redacção de textos de vários tipos, a exercitação (oral ou escrita) de conteúdos linguísticos, etc. No Apêndice 1 desta apresentação damos conta das peças artísticas que constam numa Galeria Virtual com obras exploradas nas aulas de Inglês, de Alemão ou de Português como Língua Não Materna. (Algumas dessas obras são reproduzidas nesta página.)

Por outro lado, a literatura (mais concretamente, os textos narrativos e a poesia) serviu de base a exercícios de compreensão e interpretação de enunciados escritos e orais. Mas funcionou também como ponto de partida para debates, para a redacção de textos, para a apresentação e exercitação de pontos gramaticais, etc. Privilegiou-se aqui uma abordagem comparatista, convidando os alunos a associar, comparar ou contrastar textos de diferentes nacionalidades (por exemplo, comparando os poemas “Amor é um fogo que arde...”, de Camões, e “love is more thicker than forget”, de e. e. cummings; ou os poemas “If”, de Rudyard Kipling, e “Porque”, de Sophia de Mello Breyner) ou quadros e textos literários (por exemplo, o quadro Os Fuzilamentos..., de Goya, e “Carta a meus filhos...”, de Jorge de Sena). Os textos literários estiveram, assim, não só ao serviço do ensino da língua mas também ao serviço do desenvolvimento pessoal do aluno e do conhecimento da cultura de outros povos. No Apêndice 2, encontra-se uma lista dos títulos dos poemas cujo tema roda em torno da cidadania e que podem ser usados (e muitos foram) em aulas de língua. Com eles se organizou uma antologia poética em volume.

Em certos casos, algumas peças musicais que eram acompanhadas por texto foram utilizadas para exercícios de compreensão de enunciados orais, o que aconteceu com o texto narrativo que acompanha a “história musical” Pedro e o Lobo, de Prokofiev, (em inglês e em português) ou os breves textos de John Cage que acompanhavam algumas das suas peças musicais. Mas a música foi também usada como motivo para exercícios de escrita ou para introdução de temas das unidades didácticas.

Por fim, e porque não só a chamada “Alta Cultura” (“High Culture”) deve ter lugar nestas aulas, recorreu-se a “obras” da cultura (dita) popular. Por exemplo, nas aulas de Alemão, os alunos viram o vídeo-clip “Ich will” da banda musical Rammstein, resolveram um exercício de compreensão do texto escutado e discutiram, em seguida, formas de intervenção e iniciativas dos cidadãos na sociedade (Bürgerinitiativen). Outro exemplo está no uso da banda desenhada Calvin and Hobbes, que foi igualmente um ponto de partida para um exercício de interpretação antes de se debater o tema da infância e o mundo adulto.

Para outros exemplos, incluindo uma planificação pormenorizada de uma unidade didáctica, e para uma descrição do método aplicado ao ensino da língua inglesa, ver o artigo, “What a tangled web we should weave: Teaching English, promoting critical awareness and using art in EFL classes”, de Alexandre Dias Pinto e Carlota Dias Pinto, que é referido na bibliografia (Pinto e Pinto, 2003).

(As obras de arte reproduzidas no início desta secção são, respectivamente, A Perfuradora (The Rock Drill), de Jacob Epstein e TV Buddha de Nam June Paik.)