domingo, março 12, 2006

4. METODOLOGIA



De forma a poder atingir-se o conjunto de objectivos anteriormente definidos, as aulas de Inglês, de Alemão ou de Português como Língua Não Materna serão espaços lectivos em que o ensino/aprendizagem da língua (que, repetimos, é aqui central e nunca pode ser subordinado a outros objectivos) se articula de forma pertinente e harmoniosa com a formação do indivíduo. Como foi dito, propõe-se, pois, trazer para estas aulas conteúdos didácticos (sociais, culturais, históricos) e materiais didácticos (textos literários, reproduções de pinturas, de fotografia artística e de outras artes visuais bem como música erudita), que serão objecto de análise, comentário, reflexão, debate e de outros tipos de resposta (elaboração de textos, exercitação de conteúdos linguísticos, etc.) na língua que está a ser leccionada. Torneiam-se e evitam-se, deste modo, alguns dos temas estéreis explorados no ensino das línguas (por exemplo: as estrelas de cinema, os queijos e os vinhos, os animais de estimação, os passatempos, etc.) ou dá-se a alguns desses temas um tratamento crítico: em lugar de se estudar meramente “a roupa”, reflecte-se também sobre o impacto social da moda e sobre a sociedade de consumo; em vez de se glorificarem as figuras mediáticas da actualidade, dá-se a conhecer e reflecte-se sobre o papel de indivíduos que procura(ra)m construir um mundo melhor: Ghandi, M. L. King, Dalai Lama, etc. O propósito é, claro está, levar o aluno a pensar autonomamente e a construir uma opinião própria e fundamentada sobre assuntos como estes.

Propomos, pois, um método de ensino da língua em que a arte desempenha um papel importante, não apenas na exercitação e na prática do idioma, mas também no aprofundamento dos conhecimentos culturais, históricos e sociais dos alunos (incluindo o conhecimento de outros povos e culturas) e no desenvolvimento da consciência crítica destes jovens. Consequentemente, em lugar de se usar material visual como anúncios publicitários, fotografias de desportistas, de casas luxuosas, opta-se por levar para a sala de aula pinturas desafiantes e apelativas, que pedem ao observador (i.e., ao aluno) uma reacção e uma resposta interpretativa. A experiência dos professores intervenientes neste projecto (e de outros colegas) permite-nos concluir que um quadro como A Persistência da Memória de Salvador Dalí ou O Grito de Edvard Munch motivam mais os alunos e levam-nos a resultados pedagógicos e didácticos muito mais satisfatórios do que uma banal fotografia da uma paisagem ou uma fotografia de uma figura “pública”. Claro está que a escolha do material a usar tem de ser muito criteriosa. Mutatis mutandis, o que foi dito sobre o material visual aplica-se aos textos escritos e até à música: tanto o texto literário como a música erudita (na relação desta com a palavra ou não) podem desempenhar um papel maior nas aulas de língua estrangeira.

(O Quadro reproduzido no início desta secção é A Persistência da Memória de Salvador Dalí. )